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VERGONHA DE ALAGOAS – Novo aliado de Bolsonaro, Arthur Lira é denunciado por propina de R$ 1,6 milhão

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A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou ontem ao Supremo Tribunal Federal (STF), sob acusação do crime de corrupção passiva, o deputado federal Arthur Lira (PP-AL), um dos principais parlamentares do chamado centrão e novo aliado do presidente Jair Bolsonaro. Lira é acusado de receber propina de R$ 1,6 milhão da empreiteira Queiroz Galvão, em troca do apoio do PP à manutenção do então diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, no cargo.

O deputado é um dos principais articuladores da aproximação do governo Bolsonaro com o centrão, tendo sido influente na indicação de nomes para ocupar cargos na administração federal. Tem atuado, inclusive, como uma espécie de líder informal do governo no Congresso. Ele também articula uma candidatura à Presidência da Câmara de um nome que tenha o apoio do Planalto — o deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, declarou na última semana a intenção do governo de influir na disputa pela sucessão de Rodrigo Maia.

O caso surgiu no início da Operação Lava-Jato, a partir da delação premiada do doleiro Alberto Youssef, e a investigação foi concluída agora. A denúncia é assinada pela subprocurador-geral da República Lindôra Maria Araújo, coordenadora da Lava-Jato na PGR. Também foram denunciados doleiros e executivo da Queiroz Galvão envolvidos no caso, que são acusados de lavagem de dinheiro.

Indicações no governo

A acusação deve aumentar o desconforto de integrantes do governo Bolsonaro em relação ao apoio do centrão. Lira foi um dos articuladores, por exemplo, da indicação de um nome do centrão para comandar o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), que possui orçamento de R$ 54 bilhões. Em abril, o deputado esteve no gabinete de Bolsonaro no Palácio do Planalto e chegou a gravar um vídeo com o presidente, que ele disse que seria para enviar à sua família. O vídeo também foi divulgado nas suas redes sociais.

— Estou do lado aqui do maridão, do pai, um grande abraço a vocês dois, estamos juntos aí, valeu — afirma Bolsonaro no vídeo.

A investigação detectou que funcionários do doleiro Alberto Youssef foram responsáveis por operacionalizar o pagamento da propina em dinheiro vivo para um assessor de Lira. Planilhas de controle de Rafael Ângulo Lopez, um dos operadores de Youssef, registram dois repasses, um no valor de R$ 1 milhão e outro no valor de R$ 593 mil, no ano de 2012. A descrição aponta: “Dinheiro que foi para BSB destinado a políticos do PP”. Um entregador de dinheiro que atuava para Rafael Ângulo esteve em Brasília nas mesmas datas constantes da planilha, segundo os registros de empresas aéreas.

A denúncia registra que as provas colhidas demonstram que o pagamento de propina foi feito em dinheiro vivo para um assessor de Arthur Lira.

Em depoimento, Youssef descreveu que Arthur Lira era o destinatário dos valores. Segundo o doleiro, a propina da Queiroz Galvão foi divida com o operador Henry Hoyer, o ex-diretor Paulo Roberto Costa e os parlamentares do PP.

Na denúncia, a PGR não encontrou indícios de que Arthur Lira repassou os valores para outros parlamentares do PP que também eram investigados no caso, como o senador Ciro Nogueira (PP-PI) e o deputado Dudu da Fonte (PP-PE). Por isso, foi pedido arquivamento do inquérito em relação a eles.

A PGR aponta ainda que Arthur Lira integrou organização criminosa, formada por líderes de partidos da base governamental do então governo do PT, que indicava nomes para cargos públicos em troca da obtenção de recursos ilícitos. “Desde meados de 2004 até pelo menos 2017, Arthur Lira agregou-se ao núcleo político de organização criminosa formada por lideranças de outros partidos da então base governamental para cometimento de uma miríade de delitos”, diz o documento.

Procurada, a Queiroz Galvão afirmou que “não comenta o assunto”.

Lira nega e fala em vingança

Em nota divulgada ontem, Arthur Lira negou participação em irregularidades. O texto da defesa do deputado diz que “contra fatos não há argumentos” e que ele “fez parte de um grupo que assumiu a liderança do PP e afastou Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef do partido”, o que explicaria a inimizade com os delatores e as “tentativas de envolver o parlamentar em ilícitos dos quais não participou”.

A nota ainda afirma que o doleiro acusa Lira de ter recebido valores indevidos por meio de um operador chamado Ceará, que teria desmentido essa versão em dois depoimentos. A defesa de Lira diz que o Supremo reconheceu inverdades de Youssef em outros depoimentos contra o deputado e diz que “fundamentar uma denuncia nas palavras desse doleiro é premiar um ato de vingança contra alguém que se postou contra suas práticas”.

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