MOBILIDADE URBANA – Mineração da Braskem prejudica mais 12 mil usuários do VLT
Cerca de 12 mil usuários do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT): este é o quantitativo de pessoas na região metropolitana de Maceió que vem sendo prejudicado com a interrupção do trecho entre as estações do Bom Parto e de Bebedouro. A interrupção deu-se por causa dos laudos da CPRM, mostrando que o afundamento do solo em função da mineração da Braskem, causou instabilidade severa na região e deixou de ser seguro o uso do transporte ferroviário naquele trecho.
Apesar de a mineradora estar custeando o transbordo de passageiros (via ônibus locados pela Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito – SMTT) entre as duas estações de trem, os cidadãos que utilizam o serviço foram prejudicados.
Um dos exemplos é a empregada doméstica Maria Correia, que mora na Vila Goiabeira, em Fernão Velho. “Deixei de pegar o VLT para ir de lotação ou de ônibus porque, com essa baldeação, eu estava chegando atrasada no serviço sempre. Agora gasto mais do que o dobro de ônibus e meu marido vai me buscar de bicicleta, já que onde moro não chegam ônibus. Não adianta sair mais cedo de casa, tentei por vários dias e não deu certo. Está pesando no orçamento, mas não posso ficar desempregada”, desabafa.
Por conta da baldeação (entra no VLT, vai até a estação, desce na estação, entra no ônibus, vai até a outra estação, volta para o VLT), passageiros com dificuldade de locomoção (como idosos, grávidas, obesos e pessoas com deficiência ou pais com crianças de colo) reclamam dos deslocamentos extras que precisam fazer, que além dos riscos de acidentes, ainda consomem mais tempo nas viagens.
O líder do movimento Luto por Bebedouro, Israel Lessa, destaca que a mobilidade urbana é mais um dos problemas que se somam ao conjunto de angústias pelas quais o descaso das autoridades e da Braskem têm deixado os moradores das áreas de risco à mercê.
“O paliativo foi feito, mas o que a Braskem, a Defesa Civil, o poder público tem feito para mitigar este problema? Há projetos para viabilizar novos traçados de linhas, compensar o prejuízo causado à mobilidade urbana? Não tiram os moradores das áreas de risco, aumentam os problemas com a mudança do fluxo de veículos, e ainda os deixam privados de usar de forma adequada o meio mais cômodo e barato, que atendia com horários fixos e de forma eficiente”, defende Israel Lessa. “Ministério Público Federal, Prefeitura, Defesa Civil, Braskem, poder público: resolvam esta situação!”, apela.
SOBRECARGA
Já não bastasse o problema para os usuários do VLT, a avenida Major Cícero de Góes Monteiro, em Bebedouro, foi interditada e a via alternativa que recebeu todo o fluxo que vinha da parte alta em direção ao Centro e orla, passou para a Ladeira do Calmon, que liga Bebedouro ao Farol, sobrecarregando-a.
A via íngreme, agora recebe fluxo intenso de carros e veículos pesados, como ônibus, carretas, tratores e todo o maquinário da Braskem que segue para os bairros afetados. Já fragilizados com o afundamento do solo, a sobrecarga no fluxo de veículos tem intensificado os danos nos imóveis na Ladeira do Calmon, que agora apresentam mais rachaduras.
O desvio do fluxo via Ladeira do Calmon, dos veículos que vinham de Bebedouro, além das restrições do fluxo no Pinheiro, que eram as vias alternativas, contribuem para sobrecarregar a Avenida Fernandes Lima. “Essa questão pode não estar sendo notada com tanta intensidade, tendo em vista que as escolas e faculdades, assim como diversas empresas e órgãos públicos, estão em regime de teletrabalho, mas tão logo estas atividades retornarem, os reflexos no trânsito ficarão bem evidentes”, assinala.